Adulterados 019 Adulterados 019 - Onde Mora a Desigualdade

[Lil lucky]
Dor choro no interno
É 4 anos no inferno
Não seriam 80 tiros
Se fosse um branco rico de terno
Preto sente na pele
Não é drama pique adele
Na lama pique mariana
Que denuncia e vira marielle
Eles se dizem de verdade
Igual a TV e a veracidade
Gente morrendo na periferia
Eles preferem ver a cidade
Hipocrisia manda saudade
Luta pela igualdade
Paga 2 mil de cursinho
Pra entrar na faculdade
Esse é meu truque
Então não me troque por lucro
Já que no mercado vale menos se
O anúncio for escuro
Se de preto só tem o terno
Vai pro holofote
Caso contrário
Mão na cabeça de frente pro muro
O sistema curte gente esclarecida
Só se for no tom de pele
Então entenda por favor
Que ela é morena gata da cor do pecado
Uns tons mais escuros um moletom
E vira a cor do pecador
Eu sou sol, eu sou céu
Eu suspeito
Trazendo marcas no peito
Porque a vida gosta
Que dependendo do contexto
A marca é um jacaré no peito
Dependendo é três furos de bala nas costas
Quando eu era pequeno
Eu me perdia no mercado
E procurava o segurança
Na busca de ser achado
É, o passado é engraçado
Hoje eu fujo do segurança com medo
Dele me mata enforcado
Meu medo é fazer o rap que qualquer um faria
Com base na desigualdade da TV
Já que é pra falar de vivência eu vi a dor
Apoio em ausência o suficiente pra dizer
Vocês com a passagem pra gringa
Eles com passagem na polícia
Vocês com seguro de vida
Eles tentando não morrer
Você comendo salgadinho no avião pra Disney
Eles virando aviãozinho
Pra ter o que comer
Se eles são claros e cleptomaníacos
Eu na minha melanina sou ladrão
Me diz por que?
Lembre-se de proerd em proerd
A fome é curso que te incentiva vender
Até quando a gente ganha a gente perde
A maioria é branca
A entrada é paga
E as vítimas onde?
Esse rap é pra quem não pode pagar pra estar aqui
E a desigualdade nem mora tão longe

[Francklean]
Nas ruas de terra
Que eu aprendi
Amigos meus
Sonhavam em estar aqui
O choque a revolta
É de toda cor
Vocês não entendem
Nunca dão valor
Lá tem uns fazendo
Fumaça em sonho
Vi vários tornando
Sonhos em fumaça
Diversos carimbos
No seu passaporte
E nem vem me dizer
Que isso foi sorte

O crime e a rua vão te acolher
Opção do moleque
Sem videogame
Se sacrificou pra ter o que comer em casa
Na selva de pedra a favela é a caça
Quem não tem grana
Nunca tem sorte
Uma bala me encontra
Sangro até a morte
Mais um dia de luto
Mais um no caixão
Só assim pra eu chegar na televisão
Ele morreu sem razão
Bem distante dela
Era pobre, era suspeito
E tava subindo a viela
Justiça foi baleada
E viciou em cocaína
No jornal já falta ideia
Pra manchete de chacina
Se preocupar porque
Pra vocês tanto faz
Passou da portaria
Está decretada a paz
A cabeça até confusa
A mente, desabrigada
Ver esses filhos de papai
Pagando de quebrada
Se eles vivessem lá
Nem teriam um nome
Iam ver que a maçã do iPhone
Não mata a fome

Falou do ativismo
Twittou a revolta
Mas ignorou o mundo
À sua volta
Infância no trauma
No pescoço o cerol
Mas o que importa é o outfit
E os “dól “
Os ternos, gravata
Só roupa de gala
Mandando vários
Humilde pra vala
Começa a guerra
Ato memorável
Pra eles o povo é um gasto dispensável
Realidade dói
A verdade tormenta
Plantaram o egoísmo
Então agora aguenta